quarta-feira, 27 de julho de 2011

APOSENTADORIA DE ESCRITORES? - Reflexões sobre o fazer artístico

Muitos escritores, poetas, contistas, escrivinhadores de plantão nunca pararam pra pensar nessa questão. Muito menos lembraram que segunda feira ( 25/7), foi o dia do escritor. Muitos de nós, passamos a vida escrevendo e não obtemos nem o reconhecimento, o respeito e muito menos dinheiro suficiente pra quando chegar a velhice, ou a invalidez e a incapacidade física de praticarmos o exercício da escrita e consequentemente podermos ter um fim de vida com dignidade. Acredito que a sociedade brasileira não sabe que esse exercício, ofício, profissão, só é levada em frente por quem é apaixonado mesmo. É cachaça! Se não for vício não continua. Como observou espertamente o amigo, cineasta e historiador, Daniel Porto, quando da ocasião do lançamento do meu terceiro livro de poesia "Mineral": "..escrever poesia com 20 anos muitos escrevem, é uma coisa, é até fácil. Quero ver escrever com 40? E eu acrescento. Quero ver escrever uma vida inteira, sem financiamento, publicando seus próprios livros, com  parcos recursos, ora fazendo uma palestra, uma oficina, uma tradução, numa luta diária e perene e solitária que é a escrita. Parece oporturno discutir o tema. O que esperar de um país de heranças escravocrata, que lê uma média de 2 livros por habitante ( segundo o último estudo da CBL- Câmara Brasileira do livro , cada brasileiro lê, em média, 1,8 livro/ano - 2008)? O que esperar de um país onde falta grana pra comer e cuidar da saúde da maioria dos trabalhadores aposentados. E, que vamos falar a verdade, não dá o devido respeito à aposentadoria da maioria de seus trabalhadores, quanto mais a profissão de escritor que nem regulamentação tem?  O que esperar de um país onde o livro e a maioria dos escritores tem de ter outra profissão e são tratados como voluntários ou coisa do tipo? Que  muitas vezes ouvimos: "..convida aí um fulano de tal e dá um café pra ele, aí ele fala sobre seu livro, faz uma palestra pra gente e fica tudo bem..." .Para que no fim de nossas vidas não estejamos vendo grandes poetas e escritores em geral sendo tratados como indigentes ou mesmo passando necessidades econômicas, nesse país de desmemoriados, é bom ficarmos atentos para a questão. Mário Prata, o grande escritor brasileiro, levantou essa bandeira ontem na semana do escritor ( 26/7/2011), de uma maneira oportuna e inteligente com é da sua pratica. Não vi nenhum político profissional mostrar uma projeto de lei ou falar do assunto. Escritores de Minas de Drummonds e de Guimarães Rosas, e do Brasil de Castros Alves e Machados de Assis, Uní-vos!!! Deputados, senadores e secretários e ministra da cultura, para quem sabe ler um pingo é letter.

Mais http://sarautropeiro.blogspot.com
Texto: Ricardo Evangelista BH/MG - 27/7/2011.

2 comentários:

  1. Caríssimo! Concordo em gênero, número e grau. Indiquei a página para meus conhecidos artesãos da palavra. Vá e Vença e sucesso para todos nós.

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  2. Acho que o nosso primeiro desafio, como escritores e cidadãos, é fazer com que a prática da leitura seja ampliada no país. Isso trará benefício para todos, para a população e para os escritores. Feito isso poderemos então começar a almejar um reconhecimento que é mais do que merecido, mas que será sempre sonho em um país cuja população não têm o hábito de ler.

    Excelente texto. Parabéns.

    Um grande abraço,
    Átila Siqueira.

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