terça-feira, 18 de setembro de 2012

“UM POEMA MATUTO DE POMPÍLIO DINIZ”

Seu dotô, pras nossas banda,
Quando é tempo de inleição
Os candidatos é quem manda
Dá comida e condução…
E todos que vão votar
Come inté arripuná
Carne de porco e pirão.
Aqui só tem dois partido
O governo e a opusição
O resto é desconhecido
Que o cabra queira ou qui não
Tem qui iscuiê um dos dois
Pra puder votar, dispois
No dia da inleição.
Porém nenhum deles presta
Nem se conhece esses home.
Também nós vamo é pra festa
Tira a barriga da fome.
Dispois, votá pru votá
Do voto que a gente dá
Só se aproveita o que come.
Foi purisso qui Vicente
Nesta última inleição
Cumeu de ficar doente
Carne de porco e pirão
Sarapaté e chouriço
E depois cum sacrifiço
Foi votar na opusição.
E quando chego na hora
Dele ir pras urna votar
O pobe quis ir lá fora
Pra puder se aliviar
Mas o tá do presidente,
Começou a chama Vicente
E mandou logo ele entrá.
E dixe pra ele: assine
Seu nome nesse papé
Dispois entre na cabine
E vote lá em quem quisé
Num percisa afobamento
Mas num demore lá dento
Pru que os ôto também qué.
Aí Vicente assinô
O qui tinha de assiná
E se torcendo de dor
Sem puder mais nem falá
Mostra o tito se privine
Fecha a porta da cabine
E, aí, começa a votá.
Lá na mesa o presidente
Mandando o povo calá.
Toca a esperá pru Vicente
Toca Vicente a custá
Já fazia meia hora
E o pessoá lá de fora
Se danô a reclamar.
Diz um fazendo chacota
Seu fiscá, oi a demora
Esse home vota ou num vota
Diz ôto. Vamo imbora
A urna é só pra Vicente
O peste do presidente
Num bote o homem pra fora.
E pra num havê revorta
Foi de pressa o presidente
Batê cum força na porta
Da cabine do Vicente
Dispois de muitas batida
Uma voz grossa, isprimida
Falô de dento: – Tem gente!.

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