Entre perdas e danos
que nós nos causamos
façamos o balanço
não das moedas mas dos enganos.
de cima do décimo segundo andar do ano
quem sabe talvez decretemos
para nosso bem e o bem geral do convívio humano
extinta num ato toda forma de vileza e desamor
sepulta-se num átimo aquela hipocrisia
aquela inveja,
a ira, a cobiça
a ganância, a injustiça,
a infâmia e a praticada egolatria.
abole-se agora toda incomprensão e impaciência
a ignorância, a inconsequência
a deselegância, a arrogãncia
o esnobismo, a inconveniência
e a propósito também o desrespeito
expira-se o prazo de toda aquela idiotice,
a desconfiança, a cegueira, a burrice,
a raiva descabida, a calúnia, a injúria,
a mesquinharia e a indiferença
esgota-se a validade de todo dissabor
destilado e ornamentado
em gestos, palavras, em silêncios,
em olhares, atos declarados ou em segredos
desferido no entrechocar-se de nossas vidas
e no adeus de nossos dedos
neste ano que o fim enseja
elimina-se desde já tudo aquilo que não presta e não viceja
e no ano vindouro
como valente mouro
quem sabe melhor conosco, com nossa consciência
e com o semelhante
possamos fazer da vida uma viagem leal e verdadeira
com gratidão e humildemente fraterna
como ainda não tivemos.
( Evangelista, Ricardo, in Mineral, 2004 , Rede Catitu Cultural )
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